"Rio - A ceia de Natal vai ficar mais cara este ano. Diante da
incerteza com o resultado das eleições presidenciais e,
consequentemente, qual política econômica será adotada no próximo
governo, o dólar tem operado em alta ante o real nos últimos dias.
Ontem, a moeda fechou cotada a R$2,47, com elevação de 0,52%. A
valorização da divisa impacta diretamente nos preços dos principais
itens dos pratos de fim de ano, como azeite, vinho, bacalhau e nozes. A
estimativa do mercado é que haverá aumento de até 10% no valor desses
produtos.
Presidente da Associação dos
Supermercados do Rio (Asserj), Aylton Fornari explicou que as
negociações para importação começaram em setembro, mas o câmbio das
compras ainda não fechou, por isso é muito provável que a alta seja
repassada. “Os produtos vão ficar mais caros, pois os supermercados vão
pagar mais por eles”, diz.
Porém, para o economista do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, André Braz, a alta depende também
de outros fatores. “Os vinhos, por exemplo, têm concorrência boa com a
produção nacional, por isso não devem subir tanto. Mas outros produtos,
como nozes, castanhas e avelãs podem ficar de 5% a 10% mais caros”,
avalia.
Gerente das Casas Pedro, especializada em
artigos de Natal, Simone Oliveira conta que ainda não sentiu o efeito do
dólar. “A moeda não influenciou nossas compras, até porque encomendamos
o estoque antes da alta agressiva. Mas esperamos aumento nas vendas.
Então é possível que tenhamos que comprar mais. De qualquer forma, é
provável que os preços subam cerca de 10% até o Natal”, alerta.
Para evitar os preços mais altos, a dica é
esperar até dezembro, mês no Natal, e ficar de olho nas promoções.
“Quem compra agora corre o risco de pagar mais
caro, pois as mercadorias acabaram de chegar no mercado. Além disso, há a
possibilidade de o produto estragar até as festas. O melhor é esperar
até o artigo aparecer em diversos estabelecimentos. A concorrência deve
baixar preços. Comprar agora só vale a pena se for uma grande oferta”,
aconselha Braz.
A vendedora Luiza Sampaio, 59 anos, criticou os
preços altos e a possibilidade de aumento, mas diz que não vai abrir
mão dos itens tradicionais da ceia.
“Todo ano compro cerca de três quilos de
bacalhau, mas como os preços subiram muito em 2014, eu pretendo comprar
menos. Todos os produtos estão caros. Mesmo assim, não tem como passar o
Natal em branco”, afirma a consumidora.
No momento, o quilo do bacalhau nos principais
supermercados e lojas especializadas da cidade está entre R$ 25 e R$ 40.
A garrafa de azeite custa em torno de R$ 7 e R$ 18; vinho de mesa entre
R$ 15 e R$ 30; e nozes de R$ 12 a R$ 20, a porção.
Prévia da inflação oficial fica em 0,48% este mês
A prévia do indicador oficial da inflação,
medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15
(IPCA-15), ficou em 0,48% em outubro. Em setembro, o resultado
registrado foi de 0,39%. Mas o percentual é igual ao do mês de outubro
do ano passado, segundo informou ontem o IBGE.
De acordo com dados do instituto, o IPCA-15
acumula taxas de 5,23% no ano e 6,62% no período de 12 meses, que supera
o teto da meta de inflação do governo, que é 6,5%.
Pesaram no resultado gastos com alimentos. A
despesas desse segmento tiveram taxa de 0,69%, influenciada
principalmente pelo aumento de preços de 2,38% das carnes, de 3,52% da
cerveja, de 1,75% do frango e de 1,35% do arroz.
Já os gastos com habitação tiveram influência
relevante na prévia da inflação oficial de outubro, com uma taxa de
0,8%. Os consumidores sentiram impacto principalmente da energia
elétrica, com alta de 1,28% e de gás de cozinha, de 2,52%.
O custo com roupas subiu 0,7%. Os demais grupos
registram alta, como despesas pessoais de 0,4%, saúde e cuidados
pessoais de 0,37%, transportes de 0,25%, artigos de residência de 0,13% e
educação de 0,08%. O grupo comunicação não teve inflação."
De
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